Reabertura das concessionárias de veículos: o que esperar?

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Sincopeças RJ ouve empresários e formadores de opinião para saber quais são suas impressões sobre os primeiros dias da retomada econômica do Rio de Janeiro

Há pouco mais de duas semanas, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, anunciou a reabertura gradual do comércio e dos serviços na cidade. Desde então, liberou o funcionamento das concessionárias de veículos que estavam fechadas desde meados de março por causa das medidas de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus. A prefeitura informou que a retomada se dará em seis etapas e um comitê avaliará a mudança de fase de acordo com o número de óbitos e vagas disponíveis nos hospitais.

É necessário ressaltar que todos devem estar atentos as “Regras de Ouro” - parâmetros de controle sanitário que preveem o uso de máscaras, distanciamento entre clientes, dentre outras medidas.

Regras SINCOPECAS

Passados 20 dias das concessionárias em pleno funcionamento, ouvimos empresários e formadores de opinião sobre essa retomada. Dentre todos os pontos de vista, algo incomum: essa não será uma tarefa fácil.

O presidente do Sincopeças RJ, Rodrigo Moreira, acredita que este será um ano de transição, não só em termos de vendas, mas de comportamento tanto do empresário quanto dos clientes. “O segundo semestre de 2020 será de arrumação da casa e adaptação ao novo normal. Penso que as vendas alcançarão o patamar de antes da pandemia só no segundo trimestre de 2021” – prevê Rodrigo.

Já o empresário, Marcelo Curado, relata que não parou totalmente suas atividades, utilizando de outras ferramentas remotas para o trabalho. A isso atribui a sobrevivência de seu negócio. “As pessoas ainda estão inseguras, comprar um veículo agora não é uma prioridade. Eu imagino que as coisas vão ficar lentas durante muito tempo, já estavam antes da pandemia. Mas posso afirmar que não foi uma das piores crises que enfrentei nos últimos 15, 20 anos” – conta Marcelo que também é diretor do Sincopeças RJ.

Gerson Barbosa, empresário com 40 anos no comércio automotivo com milhares de seguidores no Instagram e Facebook, faz uma minuciosa análise sobre o assunto. Ratificando os demais entrevistados, o empresário acredita que o processo de recuperação é lento. “Hoje há uma liquidez no mercado. Os lojistas de semi-novos estão com dinheiro para comprar e fazer a reposição do estoque. Isso de certa forma ajuda a aquecer moderadamente o mercado. Entretanto, não reflete a realidade: os clientes não estão comprando carro zero e colocando os usados para a troca. Normalmente, os concessionários que vendem o carro novo, pegam os carros usados na troca e os disponibilizam para os concessionários de semi-novos. Há procura mas não há produto disponível” - analisa.

Segundo Gerson, os lojistas não estão operando em sua normalidade, vendendo somente 40% ou 50% do que costumavam vender. “A gente depende muito do que vai acontecer com o carro zero. O governo pode baixar o imposto, como aconteceu no passado para aquecer as vendas. Mas se isso não acontecer, se mantiver preços e impostos, vai demorar um pouco mais para o mercado reagir. Se aumentar o preço por causa do dólar, o carro zero vai se distanciar do seminovo e o seminovo aquece. O mercado depende muito do comportamento do consumidor e, a meu ver, ainda é cedo para afirmar alguma coisa” – completa.

Dando sequência ao seu raciocínio, o empresário diz que não há motivos para comemorar já que muitas pequenas lojas fecharam. Os financiamentos estão mais restritos: “as financeiras querem emprestar para quem não precisa de empréstimo, as chamadas boas fichas. Muitas pessoas estão desempregadas e as financeiras não querem assumir esse compromisso por longo tempo. A venda de carro por financiamento gira em torno de 60%, isso também é responsável pelos resultados que vamos ter” – sinaliza Gerson.

Surge nesse novo cenário, os consórcios, uma solução mais atrativa para quem acredita que consegue juntar dinheiro. Campanhas de marketing já acenam para o público que as cartas de crédito, um modelo que sempre funcionou bem, estão disponíveis.

Falando sobre comportamento, havia um declínio por parte do consumidor mais jovem na compra de veículos. Os motivos são muitos: aumento da frota, tráfego mais intenso, falta de políticas públicas para melhorar o trânsito e uma tendência de natural das novas gerações: o imediatismo. Por isso, esse tipo de público acaba optando por aplicativos de transporte, bicicletas, patinetes, aluguel de veículos, dentre outros. Com a pandemia, especula-se que haja uma mudança brusca no comportamento das pessoas pelo receio de infecção, principalmente na hora de usar transporte público, afinal não se sabe como é feita (e se é feita) a higienização correta do lugar. “Mesmo passando a pandemia haverá um trauma. Até que se tenha a vacina ou um tratamento eficaz, as pessoas ficarão com medo de se infectarem. Dentro desse contexto acredito que a propriedade volta a ter destaque. Comprar um automóvel volta a ser necessário e o setor precisa usar isso a seu favor. As motocicletas estão muito bem, principalmente as scooters, que une a rapidez exigida pelo consumidor mais jovem e é um veículo de uso individual. Essa é minha aposta para o mercado”- finaliza Gerson Barbosa.

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